quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Meus palhaços

Levantou e vestiu a calça xadrez
Camisa, sapato e chapéu
Torrada, manteiga e banana com mel
Carteira, coragem e casaco
Tranca a porta e sai de uma vez
Bom dia, João
Tudo bem, Miguel?

Um olhou torto
Outro fez que não entendeu
Vai onde com essa cara?
Pescar sorriso que não é
Tem gente que não sabe que quer...

Mas então, vai andando, vai andando
No caminho tem lama
Já respingou, sujou a calça
Esqueceu como anda de sapato
Sapato grande demais para o pé
Aquele que só o palhaço sabe usar
Só quem de alma é
E sabe andar sem se sujar

Mais uma vez, abaixa a cabeça
Coça o côco por cacoete
Roda a bengala como ninguém
Só a cara diz o contrário
O corpo agora anda curvado
Pois a alma, desta vez
Ficou guardada no armário

E tudo... tudo isso
Porque como sempre, sempre
Não tira mais a fantasia
O olho pintado que já não sai mais
Nariz vermelho que colou no rosto
Tinta que agora colore as idéias
Traje maldito e pesado
Que agora traz acorrentado
E ele só queria ir à padaria...

Opa! Plift plaft! "Eu tô normal!?"
Aff, que coceira!
Esqueci minha vitrola!
Meus tombos!
Meu saco de besteira!
Palhaço que é palhaço
Nunca está despreparado
Sai da frente! Tô de volta!
Vou pegar minha saudade!
E buscar o meu otário!
Sou o que sou
Não o que tento
Nem o que falo
E sim o que amo
Queira ou não queira!


Eu



Posso tentar, mas sempre há um limite para quantas vezes eu consigo passar por cima de mim. Não sei porque insisto em achar que posso me driblar. Já me surpreendi com isso, me espantei, passei, chorei, ri e até escrevi. O pior de tudo é que cada vez que a vida me "presenteia" com uma dessas, eu viro de volta o mesmo menino. Sem tirar nem pôr.

É quase uma azia. Deixa aquele gosto amargo na boca. Te incomoda. Não te deixa pensar direito, ou mesmo doer o peito. Sobra apenas um pouco de luz... a que eu uso pra escrever. Porque sou mané.

Vontade de bater a mão na mesa. Tá certo? Como saber? Argh... Só quero curar o enjôo. Vomitar meus erros. Engoli-los foi muito fácil, isso é que é pior.

O que fazer quando cavamos nossa própria trincheira achando que estamos nos protegendo? Quando menos percebo to com uma arma no meu nariz. E eu mesmo coloquei ela ali.

Acho que sou o idiota sobre quem escrevo. Quer dizer, não acho, eu sou.

Consigo me pisar como ninguém. Cada vez que me descubro mais, acabo por terminar de me enterrar. Quanto mais eu sei sobre mim, mais eu tenho consciência e me falta responsabilidade para me fazer feliz.

Afinal? Se depende tanto de mim, por que chega até esse ponto? Será que é meu lado biológico dessa carcaça cega? Estou fadado a brigar com meus idiotas? É difícil falar assim quando em parte eu passo meu tempo também tentando agradá-los. Ha... Eu e meus idiotas.

Vários palhaços na corte. Olha um dos meus lá... Que coisa né... Eu consigo rir dele, falar sobre ele, escrever sobre ele. É quase um idiota separado, exceto que não está, sou eu também.

Queria eu não ter que pensar nos meus idiotas, ou nos meus palhaços. Mas nem cuidar deles direito eu consigo.

Pois é, vou engoli-los, a seco.

2 comentários:

Unknown disse...

Don't be so hard on yourself!
Miss you!

Keep on writing! =)

Tatiana Monteiro disse...

Essa poesia tá linda demais. Tanta imagem que dá quase para fazer um filme. Também quero sair para rua só de carteira, coragem e casaco. Quem precisa de mais? Um beijo. Tati