segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Olha ele aí de novo

Olha ele aí de novo
Vem saltando e cantando
Chega para fazer mágica
Veio roubar a festa
Olha nos ollhos de todos
Entre um sorriso e um desconfio
Vai colhendo os enganos

Tropeça no sapato
E a calça ainda com buraco
Maquiagem tosca de vermelho e branco
Rouco de esforço por sorriso alheio
Vigor espremido por mãos cansadas
Mas é só o charme do palhaço

É simples! É simples!
Eu dou minha cambalhota
Você me dá sua risada
Te dou meu salto mortal
Já está você toda espantada
Te mostro minha razão
Pronto, ficou desconfiada

Vamos brincar diferente
Largue a bolsa com o batom
E tire o chapéu que te esconde a cara
Abra seu livro e pegue o lápis
Agora escreva seus motivos
Fica muito mais bela assim
Pronto! Já está toda encantada!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu só queria ser literal

Estou amargo.

E mais uma vez tento eu
Eterno exercício de sentar na frente do espelho

Procuro


Você está bem?
Mentira

Que foi?
Desconversa

Fala!
Negação


Não posso nem ao menos reclamar
Ainda bem que ele sou eu
Pelo menos me disse a verdade (...tentei)
Mas mesmo que tentasse ter maldade
Só há um lugar para o espinho entrar
Na própria rosa em que nasceu

Olhei de novo e vi frisos
Em olhos tristes e determinados
Na testa tensa e marcada
Pelo azedo das suas escolhas
E da poeira nos seus caminhos
Rumos já há muito, conhecidos
Mas nem por isso evitados

Pelos seus equívocos e seus princípios
Na intimidade do seu peito
Enfrenta seu prórpio tribunal sozinho
Onde por si mesmo será castigado
Pois mesmo que bela e frágil
A rosa sempre tem espinhos


Eu

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Meus palhaços

Levantou e vestiu a calça xadrez
Camisa, sapato e chapéu
Torrada, manteiga e banana com mel
Carteira, coragem e casaco
Tranca a porta e sai de uma vez
Bom dia, João
Tudo bem, Miguel?

Um olhou torto
Outro fez que não entendeu
Vai onde com essa cara?
Pescar sorriso que não é
Tem gente que não sabe que quer...

Mas então, vai andando, vai andando
No caminho tem lama
Já respingou, sujou a calça
Esqueceu como anda de sapato
Sapato grande demais para o pé
Aquele que só o palhaço sabe usar
Só quem de alma é
E sabe andar sem se sujar

Mais uma vez, abaixa a cabeça
Coça o côco por cacoete
Roda a bengala como ninguém
Só a cara diz o contrário
O corpo agora anda curvado
Pois a alma, desta vez
Ficou guardada no armário

E tudo... tudo isso
Porque como sempre, sempre
Não tira mais a fantasia
O olho pintado que já não sai mais
Nariz vermelho que colou no rosto
Tinta que agora colore as idéias
Traje maldito e pesado
Que agora traz acorrentado
E ele só queria ir à padaria...

Opa! Plift plaft! "Eu tô normal!?"
Aff, que coceira!
Esqueci minha vitrola!
Meus tombos!
Meu saco de besteira!
Palhaço que é palhaço
Nunca está despreparado
Sai da frente! Tô de volta!
Vou pegar minha saudade!
E buscar o meu otário!
Sou o que sou
Não o que tento
Nem o que falo
E sim o que amo
Queira ou não queira!


Eu



Posso tentar, mas sempre há um limite para quantas vezes eu consigo passar por cima de mim. Não sei porque insisto em achar que posso me driblar. Já me surpreendi com isso, me espantei, passei, chorei, ri e até escrevi. O pior de tudo é que cada vez que a vida me "presenteia" com uma dessas, eu viro de volta o mesmo menino. Sem tirar nem pôr.

É quase uma azia. Deixa aquele gosto amargo na boca. Te incomoda. Não te deixa pensar direito, ou mesmo doer o peito. Sobra apenas um pouco de luz... a que eu uso pra escrever. Porque sou mané.

Vontade de bater a mão na mesa. Tá certo? Como saber? Argh... Só quero curar o enjôo. Vomitar meus erros. Engoli-los foi muito fácil, isso é que é pior.

O que fazer quando cavamos nossa própria trincheira achando que estamos nos protegendo? Quando menos percebo to com uma arma no meu nariz. E eu mesmo coloquei ela ali.

Acho que sou o idiota sobre quem escrevo. Quer dizer, não acho, eu sou.

Consigo me pisar como ninguém. Cada vez que me descubro mais, acabo por terminar de me enterrar. Quanto mais eu sei sobre mim, mais eu tenho consciência e me falta responsabilidade para me fazer feliz.

Afinal? Se depende tanto de mim, por que chega até esse ponto? Será que é meu lado biológico dessa carcaça cega? Estou fadado a brigar com meus idiotas? É difícil falar assim quando em parte eu passo meu tempo também tentando agradá-los. Ha... Eu e meus idiotas.

Vários palhaços na corte. Olha um dos meus lá... Que coisa né... Eu consigo rir dele, falar sobre ele, escrever sobre ele. É quase um idiota separado, exceto que não está, sou eu também.

Queria eu não ter que pensar nos meus idiotas, ou nos meus palhaços. Mas nem cuidar deles direito eu consigo.

Pois é, vou engoli-los, a seco.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tá na chuva, é para se m...cantar!

Piscina que está fria
Primeiro se coloca o pé...

Um dia me empurraram
No outro eu caí
Uma vez eu me afoguei
Mas sim, já aconteceu
Já fechei o olho e me joguei

Mas no final das contas
É apenas água
Pode ser fria
Pode deixar resfriado
Mas pode trazer muita diversão
E também nos salvar do calor
Nos faz esquecer do resto
E até sem perceber
Embaçar a nossa visão...

Mas então, pois é
Para existir o forte
Tem que ter o fraco, num tem jeito!
Por isso que não há chefe
Sem o coitado do sujeito

Há de ser os dois, pois é uma dupla via
Não se abre uma porta de entrada sem arriscar sair alguém
Hoje um, amanhã o outro
Até que seja preciso adivinhar
Afinal, chefes não se jogam
Mas também não deixam o sujeito se afogar

Viajei?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Não se explica a explicação

Claro, claro...com certeza
Na verdade eu mal me lembro
De algo diferente disso
Me passar pela cabeça

Nada com explicação ou previsível
Nada simples ou remediável
E também percebi que nem sequer existe um verde
Ao menos para mim... Daltônico inveterado

Não se explica para construir
E sim, se proclama a dor
Se mata o desejo
Se luta pra não desistir
Se cultiva o sorriso
Se confunde com o amor
Se escreve o coração
Se sacia o vício
Que motiva a minha mão

Quando explicamos algo
Automaticamente fica pra trás...
Quando sentimos algo
Sistematicamente vivemos mais...
Explicar, explicar e explicar
E depois? Vai... Quebra a cara!
Acho que minha tara é...
Ter uma tara!

Ultimamente...é querer escrever...
Sempre há mais o que conhecer...
Né?

sábado, 12 de dezembro de 2009

Ao que me cabe

Cabe um, cabe dois, cabe mil
Mas só caber não basta
Na minha casa também cabem trinta cachorros
Mas ninguém me vê morando em um canil

Eles brigam entre si
Sai mordida, latido e cão quebrado
O pior é que se entendem
Pois, cada cachorro no seu galho

Tem o que ladra
E ladra alto, chato!
Perturba! Chama o dono!
Esse eu solto de vez em quando...

Ah...tem sempre o...
Xiiii... Lá vem ele...
Balançando o rabo
Orelha em pé
Pega o osso, larga o osso
Chora minguado de carência
Corre pra lá, olhar triste
Abaixa a cabeça...
Pega o osso, larga o osso
Rabo entre as pernas
E vai se deitar
Fingindo bom moço

Tem um preferido, né
Pouca gente entende
Passa quase sempre despercebido
Esse a gente já sabe qual é

Qual o seu cão preferido?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Formalmente torto

Pois é,
A idéia é curta
Mas não a vontade
E a mão??
Ah, a mão...
Fica cheia de ansiedade!

Mas o traje?
Aha! Meu paletó é de trapo
Meu sapato é sem cadarço
Minha gravata tem buraco
E essa é toda minha vaidade!

Mas então, e a mão?
Já arrumei caneta, lápis e até teclado
Mas o principal eu quase nunca consigo
Pois ela só quer o que toda mão quer
Apenas um motivo

Acho que o bom é deitar o momento
Olha pra um lado, pro outro
Atravessa a rua
Com a primeira roupa da gaveta
Ta bonito, ta bonito!
Afinal, gosto não se discute...
E o seu, kutch?